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quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Santo Daime, por "A Barquinha"

O Cipó Jagube
A Ayahuasca, é uma beberagem de origem amazônica composta a partir do cozimento de duas espécies de plantas nativas da Floresta: o cipó jagube (Banisteriopsis caapi) e o arbusto chacrona (Psychotria viridis). Batizada como daime pelas Religiões Ayahuasqueiras é considerada sagrada e entendida como um canal entre o homem e a divindade através de seu consumo dentro dos rituais.

Seu uso é comum na região desde os povos pré-colombianos seguido por tribos indígenas e também pelo que se constitui atualmente como as chamadas Religiões da Ayahuasca.

Segundo alguns estudiosos a palavra ayahuasca, de origem quíchua, significa “vinho das almas” ou “vinho dos mortos”. Seu uso sempre fez parte do conjunto de práticas rituais-terapêuticas indígenas como auxiliadora no contato com os espíritos dos ancestrais.

Sua introdução junto aos não-índios se deu entre fins do século XIX e início do século XX, época em que a região amazônica vivia aquilo que ficou conhecido como ciclo da borracha.

Foi justamente nesse período que o maranhense Raimundo Irineu Serra juntamente com uma leva de nordestinos, fugidos da seca e atraídos por ganhos financeiros, desembarcou no Acre para trabalhar na extração do látex.

Infelizmente a passagem dos chamados seringueiros pela Amazônia foi intensamente marcada por histórias de sofrimento e exploração.

No âmbito religioso esses imigrantes buscavam praticar suas crenças, as quais estavam alicerçadas no catolicismo tradicional. No entanto devido a ausência de uma igreja oficial, que só vai se fazer presente efetivamente no Acre a partir de 1920, organizam suas práticas religiosas de acordo com as condições oferecidas pelo novo espaço.

Aliando sua bagagem cultural ao conhecimento adquirido a partir do contato com os indígenas deram início à criação de novas práticas religiosas no Brasil, posteriormente denominadas por Religiões Ayahuasqueiras.

Irineu Serra foi o pioneiro. Ele chegou ao Acre em 1912 e a convite de um conterrâneo bebe ayahuasca pela primeira vez em contexto nativo. Pouco tempo depois tem um encontro espiritual com a Rainha da Floresta (personificação da Virgem Maria) que lhe revela sua missão espiritual impulsionando-o a fundar uma doutrina religiosa, a Doutrina do Santo Daime.

Mestre Irineu Serra
A partir dai batiza a ayahuasca com um outro nome, daime, que seria um rogativo perante o poder divino da bebida.

Além da doutrina do Mestre Irineu, foram fundadas no Brasil mais duas linhas religiosas: a Barquinha em 1945, por Daniel Pereira de Mattos, e a União do Vegetal (UDV) na década de 1960 por José Gabriel da Costa.

Após receber um convite de seu conterrâneo e amigo Irineu Serra, Daniel Pereira de Mattos se submeteu a um tratamento com daime dentro dos rituais propostos pelo Mestre. Ali permaneceu por alguns anos, tempo suficiente para receber seu preparo espiritual.

Em 1945 tem uma revelação, uma visão em que as portas do céu se abriam e dois anjos desciam com um livro azul nas mãos contendo sua missão, a de fundar uma doutrina cristã alicerçada na caridade. Foi isso que fez. Resolveu seguir seu próprio caminho dando início a linha da Barquinha.

A Doutrina do Santo Daime e a Barquinha podem ser consideradas como linhas irmãs, em que a segunda herda da primeira o uso do sacramento (daime) e aspectos do catolicismo popular e das religiões afro-brasileiras.

O seringal Santa Cecília, desabitado e cedido pelo proprietário, Manuel Julião, foi o local escolhido por Daniel para erguer uma capelinha, daquelas de beira de estrada que o povo acreano já estava acostumado. Naquele mesmo ano de 1945 estava pronta a casinha rústica de taipa e assoalhos de madeira que mais tarde ficaria conhecida como Capelinha de São Francisco.

Foi justamente na Capelinha onde recebeu as primeiras instruções, através de salmos provenientes de inspiração mediúnica, que Daniel, a partir do seu trabalho junto à comunidade, funda uma nova doutrina religiosa.

Dentre as pessoas que se juntaram a ele naquela época é possível destacar nomes como: Antônio Geraldo da Silva, Manuel Hipólito de Araújo, Francisca Campos do Nascimento, além de Francisco Gabriel (esposo da madrinha).

Com a passagem para o plano espiritual de Daniel em 1958, a Capelinha de São Francisco, passa a se chamar Centro Espírita e Culto de Oração Casa de Jesus Fonte de Luz. Já em 1991 a Madrinha Chica segue sua caminhada dentro da Doutrina do Mestre Daniel em sua própria casa, fundando o Centro Espírita Obras de Caridade Príncipe Espadarte.

A Doutrina da Barquinha é estruturada a partir das instruções contidas no Livro Azul que foi entregue ao Fundador pelos anjos em mirarão.

Os serviços espirituais realizados nesse espaço consistem em trabalhos de Obras de Caridade, Prestamento de Contas, Instruções, Rosário (aos domingos), Mil Ave-Marias, Cerco de Jericó, Limpeza, Doutrina e Batismo, além das Festas no salão. Todos os trabalhos acontecem em meio as cinco romarias anuais além da quaresma e demais datas especiais.
O Arbusto Chacrona

Cada pessoa recebe a cura conforme seu merecimento, o espírito do Santo Daime se apresenta para todos, basta seguirmos os ensinamentos da Doutrina. É a harmonia e a união entre os seres que transmitem a ciência e a sabedoria dos reinos de Deus. A fé que temos em Cristo é testificada através da baixada dos Missionários e Seres Curadores, soldados da Doutrina que vêm nos consagrar.

Temos hoje a viva companhia da nossa ilustre representante, uma das principais discípulas e amiga do Fundador, o saudoso Daniel Pereira de Mattos, Senhora Francisca Campos do Nascimento, conhecida como Madrinha Francisca Gabriel, Madrinha Chica ou, ainda, Irmã de Caridade, que cumpre sua missão ensinando com amor os princípios basilares da doutrina franciscana, prestando assistência espiritual aos necessitados que procuram a sua casa, batizando, doutrinando, guiando seu rebanho que navega em um lindo barco de luz, materialmente denominado Centro Espírita Obras de Caridade Príncipe Espadarte.

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