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sexta-feira, 2 de abril de 2010

A Semana Santa e a Páscoa Cristã

A Semana Santa é uma tradição religiosa católica que celebra a Paixão, a Morte e a ressurreição de Jesus Cristo. Ela se inicia no Domingo de Ramos, que relembra a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém e termina com a ressurreição de Jesus, que ocorre no domingo de Páscoa. 


Elementos da Semana Santa

O pão e o vinho:

São os elementos naturais que Jesus toma para que não só simbolizem mas também se convertam em seu Corpo e seu Sangue e o façam presente no sacramento da Eucaristia.

Jesus os assume no contexto da ceia pascal, onde o pão ázimo da páscoa judaica que celebravam com seus apóstolos fazia referência a essa noite no Egito em que não havia tempo para que a levedura fizesse seu processo na massa (Ex 12,8).

O vinho é o novo sangue do Cordeiro sem defeitos que, posto na porta das casas, evitou aos israelitas que seus filhos morressem na passagem de Deus (Ex 12,5-7). Cristo, o Cordeiro de Deus (Jo 1,29), ao que tanto se refere o Apocalipse, salva-nos definitivamente da morte por seu sangue derramado na cruz.

Os símbolos do pão e o vinho são próprios da Quinta-feira Santa no que, durante a Missa vespertina da Ceia do Senhor, celebramos a instituição da Eucaristia, da qual encontramos alusões e alegorias ao longo de toda a Escritura.

Mas como esta celebração vespertina é o pórtico do Tríduo Pascal, que começa na Sexta-feira Santa, é necessário destacar que a Eucaristia dessa Quinta-feira Santa, celebrada por Jesus sobre a mesa-altar do Cenáculo, era a antecipação de seu Corpo e seu Sangue oferecidos à humanidade no "cálice" da cruz, sobre o "altar" do mundo.

O lava-pés



É o único que nos relata este gesto simbólico de Jesus na Última Ceia e antecipa o sentido mais profundo do "sem-sentido" da cruz.

Um gesto incomum para um Mestre, próprio dos escravos, converte-se na síntese de sua mensagem e dá aos apóstolos uma chave de leitura para enfrentar o que virá.

Em uma sociedade onde as atitudes defensivas e as expressões de autonomia se multiplicam, Jesus humilha nossa soberba e nos diz que abraçar a cruz, sua cruz, hoje, é ficar ao serviço dos outros. É a grandeza dos que sabem fazer-se pequenos, a morte que conduz à vida.

Os símbolos da Paixão


1. A cruz

A cruz foi, na época de Jesus, o instrumento de morte mais humilhante. Por isso, a imagem do Cristo crucificado se converte em "escândalo para os judeus e loucura para os pagãos" (1 Cor 1,23). Teve que passar muito tempo para que os cristãos se identificassem com esse símbolo e o assumissem como instrumento de salvação, entronizado nos templos e presidindo as casas e habitações, e pendendo no pescoço como expressão de fé.  Isto demonstram as pinturas catacumbais dos primeiros séculos, onde os cristãos, perseguidos por sua fé, representaram a Cristo como o Bom Pastor pelo qual "não temerei nenhum mal" (Sl 22,4); ou fazem referência à ressurreição em imagens bíblicas como Jonas saindo do peixe depois de três dias; ou ilustram os sacramentos do Batismo e a Eucaristia, antecipação e alimento de vida eterna. A cruz aparece só velada, nos cortes dos pães eucarísticos ou na âncora invertida.  Poderíamos pensar que a cruz era já a que eles estavam suportando, nos anos da insegurança e a perseguição. Entretanto, Jesus nos convida a segui-lo nos negando a nós mesmos e tomando nossa cruz a cada dia (cf MT 10,38; Mc 8,34; Lc 9,23).  Expressão desse martírio cotidiano são as coisas que mais nos custam e nos doem, mas que podem ser iluminadas e vividas de outra maneira precisamente desde Sua cruz.  Só assim a cruz já não é um instrumento de morte mas sim de vida e ao "por que eu" expresso como protesto diante de cada experiência dolorosa, substituímo-lo pelo "quem sou eu" de quem se sente muito pequeno e indigno para poder participar da Cruz de Cristo, inclusive nas pequenas "lascas" cotidianas.

A cruz foi, na época de Jesus, o instrumento de morte mais humilhante. Por isso, a imagem do Cristo crucificado se converte em "escândalo para os judeus e loucura para os pagãos" (1 Cor 1,23). Teve que passar muito tempo para que os cristãos se identificassem com esse símbolo e o assumissem como instrumento de salvação, entronizado nos templos e presidindo as casas e habitações, e pendendo no pescoço como expressão de fé.

Isto demonstram as pinturas catacumbais dos primeiros séculos, onde os cristãos, perseguidos por sua fé, representaram a Cristo como o Bom Pastor pelo qual "não temerei nenhum mal" (Sl 22,4); ou fazem referência à ressurreição em imagens bíblicas como Jonas saindo do peixe depois de três dias; ou ilustram os sacramentos do Batismo e a Eucaristia, antecipação e alimento de vida eterna. A cruz aparece só velada, nos cortes dos pães eucarísticos ou na âncora invertida.

Poderíamos pensar que a cruz era já a que eles estavam suportando, nos anos da insegurança e a perseguição. Entretanto, Jesus nos convida a segui-lo nos negando a nós mesmos e tomando nossa cruz a cada dia (cf MT 10,38; Mc 8,34; Lc 9,23).

Expressão desse martírio cotidiano são as coisas que mais nos custam e nos doem, mas que podem ser iluminadas e vividas de outra maneira precisamente desde Sua cruz.

Só assim a cruz já não é um instrumento de morte mas sim de vida e ao "por que eu" expresso como protesto diante de cada experiência dolorosa, substituímo-lo pelo "quem sou eu" de quem se sente muito pequeno e indigno para poder participar da Cruz de Cristo, inclusive nas pequenas "lascas" cotidianas.

2. A coroa de espinhos, o látigo, os pregos, a lança, a esponja com vinagre...

Estes "acessórios" da Paixão muitas vezes aparecem graficamente apoiados ou superpostos à cruz.

São a expressão de todos os sofrimentos que, como peças de um quebra-cabeças, conformaram o mosaico da Paixão de Jesus.

Eles materialmente nos recordam outros sinais ou elementos igualmente dolorosos: o abandono dos apóstolos e discípulos, as brincadeiras, os cusparadas, a nudez, os empurrões, o aparente silêncio de Deus.

A Paixão revestiu os três níveis de dor que todo ser humano pode suportar: física, psicológica e espiritual. A todos eles Jesus respondeu perdoando e abandonando-se nas mãos do Pai.

Os símbolos da Luz:

1. A luz e o fogo

Desde sempre, a luz existe em estreita relação com a escuridão: na história pessoal ou social, uma época sombria vai seguida de uma época luminosa; na natureza é das escuridões da terra de onde brota à luz a nova planta, assim como à noite lhe sucede o dia.

A luz também se associa ao conhecimento, ao tomar consciência de algo novo, frente à escuridão da ignorância. E porque sem luz não poderíamos viver, a luz, sempre, mas sobre tudo nas Escrituras, simboliza a vida, a salvação, que é Ele mesmo (Sl 27,1; Is 60, 19-20).

A luz de Deus é uma luz no caminho dos homens (Sl 119, 105), assim como sua Palavra (Is 2,3-5). O Messias traz também a luz e Ele mesmo é luz (Is 42.6; Lc 2,32).

As trevas, então, são símbolo do mal, a desgraça, o castigo, a perdição e a morte (Jó 18, 6. 18; Am 5. 18). Mas é Deus quem penetra e dissipa as trevas (Is 60, 1-2) e chama os homens à luz (Is 42,7).

Jesus é a luz do mundo (Jo 8, 12; 9,5) e, por isso, seus discípulos também devem sê-lo para outros (MT 5.14), convertendo-se em reflexos da luz de Cristo (2 Cor 4,6). Uma conduta inspirada no amor é o sinal de que se está na luz (1 Jo 2,8-11).

Durante a primeira parte da Vigília Pascal, chamada "lucenario", a fonte de luz é o fogo. Este, além de iluminar queima e, ao queimar, purifica. Como o sol por seus raios, o fogo simboliza a ação fecundante, purificadora e iluminadora. Por isso, na liturgia, os simbolismos da luz-chama e iluminar-arder se encontram quase sempre juntos.

2. O Círio Pascal



Entre todos os simbolismos derivados da luz e do fogo, o círio pascal é a expressão mais forte, porque reúne ambos.

O círio pascal representa a Cristo ressuscitado, vencedor das trevas e da morte, sol que não tem ocaso. Acende-se com fogo novo, produzido em completa escuridão, porque em Páscoa todo se renova: dele se acendem todas as demais luz.

As características da luz são descritas no exultet e formam uma unidade indissolúvel com o anúncio da libertação pascal. O acender o círio é, pois, um memorial da Páscoa. Durante todo o tempo pascal o círio estará aceso para indicar a presença do Ressuscitado entre os seus. Toda outra luz que arda com luz natural terá um simbolismo derivado, ao menos em parte, do círio pascal.

Os símbolos do Batismo

1. A água


Embora o rito do Batismo está todo ele repleto de símbolos, a água é o elemento central, o símbolo por excelência.

Em quase todas as religiões e culturas, a água possui um duplo significado: é fonte de vida e meio de purificação.

Nas Escrituras, encontramos as águas da Criação sobre as quais pairava o Espírito de Deus (Gn 1,2). A água é vida no regaço, na seiva, no liquido amniótico que nos envolve antes de nascer.

No dilúvio universal as águas torrenciais purificam a face da terra e dão lugar à nova criação a partir de Noé.

No deserto, os poços e os mananciais se oferecem aos nômades como fonte de alegria e de assombro. Perto deles têm lugar os encontros sociais e sagrados, preparam-se os matrimônios, etc.


Os rios são fontes de fertilização de origem divina; as chuvas e o orvalho contribuem com sua fecundidade como benevolência de Deus. Sem a água o nômade seria imediatamente condenado à morte e queimado pelo sol palestino. Por isso se pede a água na oração.

Yahvé se compara com uma chuva de primavera (Os 6,3), ao orvalho que faz crescer as flores (Os 14.6). O justo é semelhante à árvore plantada ao borde das águas que correm (Nm 24,6); a água é sinal de bênção.

Segundo Jeremias (2, 13), o povo do Israel, ao ser infiel, esquece de Yahvé como fonte viva, querendo escavar suas próprias cisternas. A alma procura deus como o cervo sedento procura a presença da água viva (Sl 42,2-3). A alma aparece assim como uma terra seca e sedenta, orientada para a água.

Jesus emprega também este simbolismo em sua conversação com a samaritana (Jo 4.1-14), a quem lhe revela como "água viva" que pode saciar sua sede de Deus. Ele mesmo se revela como a fonte dessa água: "Se alguém tiver sede, que venha para Mim e beba" (Jo 7,37-38). Como da rocha de Moisés, a água surge do flanco transpassado pela lança, símbolo de sua natureza divina e do Batismo (cf Jo 19,34).

Por este motivo, a água se converteu no elemento natural do primeiro sacramento da iniciação cristã. Desde os primeiros séculos do cristianismo, os cristãos adultos eram batizados em uma espécie de pileta cheia de água que contava com duas escadas: por uma descia e por outra saía. A imagem de "descer" às águas representava o momento da purificação dos pecados e estava associada à morte de Cristo.

A saída, subindo pelo lado oposto, representava o renascer à nova vida, como saindo do ventre materno,. e era associado à ressurreição. No centro se fazia a profissão de fé pública. E isto significa que a água do batismo não é algo "mágico" -como pensam muitos crentes- que protege ou transforma por si só, mas sim a expressão deste duplo compromisso: o de mudar de vida morrendo ao pecado e o de renovar a escala de valores, iluminados por Cristo, ressuscitados com Ele.

2. A vestimenta branca

A cor branca sempre foi identificado com a pureza, com o inocente. Parece lógico que, desde os primeiros séculos do cristianismo, os catecúmenos fossem ao Batismo vestidos com túnicas brancas. Poderíamos considerá-lo, inclusive, como inspirado na imagem reiterada do Apocalipse, em que os seguidores fiéis do Cordeiro mereceram vestir-se de branco (cf 3,4-5.18; 4,4; 7,9.13-14; 19,14; 22,14).

Entretanto, os textos bíblicos dependeriam do que nos diz a tradição cultural dos primeiros séculos, anterior aos mesmos. Em todo o Império Romano, só os membros do Senado se vestiam com túnicas brancas. Dali que os chamassem candídatus, do latim "cândida", branco. Desta maneira. Manifestava publicamente sua dignidade, a de servir ao Imperador, quem se apresentava como o Filho de Deus.
Os cristãos, então, a irem vestidos de branco a receber o Batismo, tentaram mostrar que a verdadeira dignidade do homem não consiste em trabalhar para nenhum poder político mas sim em servir Jesus Cristo, o verdadeiro Filho de Deus. Portanto, mais que símbolo de pureza, era símbolo de dignidade, de vida nova, de compromisso com um estilo de vida e com o esforço cotidiano por conservá-la sem mancha, para ser considerados dignos de participar do banquete do Reino (cf MT 22, 12).

Em uma sociedade consumista como a nossa, em que a dignidade das pessoas depende de como vão vestidas, da moda que seguem, das marcas que usam, os cristãos deveriam nos perguntar o que fizemos de nossa "veste branca" batismal e verifìcar se, como diz São Paulo, "tendo-nos revestldo de Cristo" (Cfr Gl 3.27).

Comemoração da Paixão de Cristo


Uma festa posta na terça-feira logo depois de sexagésima, ou seja, o sexagésimo dia antes da Páscoa. Seu objeto é a recordação devota e a honra dos sofrimentos de Cristo para a redenção da humanidade. Enquanto a festa em honra dos instrumentos da Paixão de Cristo – a Santa Cruz, a Lança, Pregos, e a Coroa de Espinhos – chamadas “Arma Cristã”, originou-se durante a Idade Média, esta comemoração é de mais recente origem. Aparece pela primeira vez no Breviário de Meissen (1517) como uma festa simples para 15 de Novembro.

O mesmo breviário tem uma festa da Santa Face para 15 de Janeiro e do Nome Sagrado para em 15 de Março. [Grotefend, "Zeitrechnung" (Hanover, 1892), II, 118 sqq.]; estas festas desapareceram com a introdução do Luteranismo. Como se encontra no apêndice do Breviário Romano, foi iniciado por São Paulo da Cruz (morto em 1775). O Ofício foi composto por Tomás Struzzieri, Bispo de Todi, e fiel associado a São Paulo.

Na quinta-feira Santa a Eucaristia com que se dá início ao Tríduo Pascal é a "Missa in Coena Domini", porque é a que mais entranhavelmente recorda a instituição deste sacramento por Jesus em sua última ceiar, adiantado assim sacramentalmente sua entrega na Cruz.

Ceia do Senhor

É o nome que, junto ao de "fração do pão", São Paulo dá em 1 Cor. 11,20 ao que logo se chamou "Eucaristia" ou "Missa": "kyriakon deipnon", ceia senhorial, do Senhor Jesus. É também o nome que dá o Missal atual: "Missa ou Ceia do Senhor" (IGMR. 2 e 7).

Abstinência

Do latim 'abstinentia', ação de privar-se ou abster-se de algo. Gesto penitencial. Atualmente se pede que os fiéis com uso de razão e que não tenham algum impedimento se abstenham de comer carne, realizem algum tipo de privação voluntária ou façam uma obra caridosa nas sextas-feiras, que são chamados dias penitenciais.

Só Na quarta-feira de Cinzas e Na sexta-feira Santa são dias de jejum e abstinência.

Jejum

Do latim 'ieiunium', jejum, abstinência. Privação voluntária de comida por motivos religiosos. É uma forma de vigília, um sinal que ajuda a tomar consciência (ex.: o jejum da Quarta-feira de Cinzsa recorda o início do tempo penitencial) ou que prepara (ex.: o jejum eucarístico predispõe à recepção que breve se fará do Corpo de Cristo). A Igreja o prescreve pelo espaço de um dia para Na quarta-feira de Cinzas, com caráter penitencial, e para Na sexta-feira Santa, extensivo à Sábado Santo, com caráter pascal; e por uma hora para quem vai comungar.

Cinzas

A cinza que impõe o sacerdote aos fiéis Na quarta-feira de Cinzas, procede da queima das Palmas bentas durante a Missa do Domingo de Ramos.

Palma

Do latim 'palmae' que significa palma da mão e folha da palmeira, que já usavam os romanos como símbolo de vitória. Os povos que coincidem em lhe atribuir altos valores a este símbolo já que desenvolveram em torno dela diversos ritos. Recordemos, começando pelo mais próximo, como é tradição entre nós pendurar nos balcões os Ramos bentos No domingo de Ramos para que protegessem a casa durante todo o ano.

Paixão

Do latim 'patior', 'passus', que significa experimentar, suportar, padecer, forma-se o essencial passio (acus. pl. Passiones). É sintomático que nos tenhamos decantado com preferência pelos aspectos positivos da palavra "paixão".

Semana Santa

A Semana Santa lhe chamava em um princípio “A Grande Semana”. Agora chamada Semana Santa ou Semana Maior e a seus dias lhes diz dias Santos. Esta semana começa com o domingo de Ramos e termina no domingo de Páscoa.

Ecce Homo

Imagem de Jesus Cristo tal como Pilatos a apresentou ao povo. Do latim “ecce”, eis aqui, e “homo”, o homem.

Gólgota

Calvário. Colina de Jerusalém na Palestina, onde Jesus foi crucificado. O Morro da Caveira.

A Via-Sacra no Brasil


Via-Sacra, do latim, em português literalmente quer dizer: caminho sagrado. É um costume de percorrer o caminho que Jesus fez da prisão até o Calvário, nascido no século IV, quando os romeiros que iam à Terra Santa visitavam, em Jerusalém, os lugares históricos e sagrados nos quais aconteceu a Paixão de Cristo. Este exercício ficou conhecido como via-sacra. Desde o século XVIII são contados quatorze estações, enumeradas a seguir, desde a casa do julgamento até o santo sepulcro:

1. Jesus é condenado à morte.

2. Jesus toma a cruz aos ombros.

3. Jesus cai pela primeira vez.


4. Jesus encontra sua aflita mãe, na rua da Amargura.

5. Simão Cirineu ajuda Jesus a levar a cruz.

6. Verônica limpa o rosto de Jesus.

7. Jesus cai pela segunda vez.

8. Jesus exorta as filhas de Jerusalém.

9. Jesus cai pela terceira vez.

10. Jesus é despojado de suas vestes.

11. Jesus é pregado na cruz.

12. Jesus morre na cruz.

13. Jesus descido da cruz.

14. Jesus é depositado no sepulcro.

Mais recentemente foi acrescentada mais uma:

15. Jesus ressuscita.

Em Jerusalém, os antigos romeiros percorriam a "via dolorosa" no sentido inverso, isto é, do Santo Sepulcro ao pretório romano.¹ Segundo a tradição, a Virgem Maria, após a Ressurreição visitava diariamente: o cenáculo, a casa de Anás e Caifás, Calvário e o Santo Sepulcro, o pretório, Getsêmani, o Horto, o Vale de Cedron, e a Fortaleza de Antônia no Sião. 

Esta tradição foi retomada no século XII pelos franciscanos em Jerusalém, onde na Via Dolorosa colocaram algumas capelinhas e marcas de pedra. Estas já seguiam a ordem cronológica e a via-sacra começou a encontrar sua forma atual, justamente no tempo da crescente devoção para com os sofrimentos de Jesus.

Para quem não podia ir até a Terra Santa, os mesmos franciscanos divulgaram as estações da Via Crucis substituida por quadros pintados. As estações 13 e 14 surgiram no século XIV juntamente com as imagens dos sete Passos: Jesus na coluna, Ecce Homo, as imagens da Procissão do Encontro, o corpo do Senhor morto numa sepultura aberta.


O frade Leonardo de Pôrto Maurício (1676-1751) sozinho instalou 576 via-sacras. As orações de uma via-sacra constam no manual: "Sanctos Exercicios Quotidianos" (1773). A mulher Santa Verônica, três quedas de Jesus, o encontro de Jesus com sua mãe, não constam nos Evangelhos. Por isso o Papa João Paulo II, em 1991, propôs algumas mudanças na via-sacra.

Há via-sacra pública, em muitos centros de romaria: Juazeiro do Norte (CE), Bom Jesus da Lapa (BA), Canindé (CE), Aparecida do Norte (SP). No Rio Grande do Sul, o termo via-sacra poderá indicar a encomendação das almas realizada na zona rural, nas sextas-feiras da Quaresma.

O Caderno Gaúcho No.8. descreve a via-sacra em Soledade (RS): Ao som da matraca e após o pôr do sol, um grupo ou terno de pessoas, dirigido por um capelão, visita as casas para rezar pelas almas. Inicialmente, a casa visitada fica em silêncio com as portas e janelas fechadas. O capelão alterna orações cantadas com o terno. Depois oferece preces para as almas do enforcados, dos aflitos, dos acidentados etc. que são respondidas pelos donos da casa.

Após mais algumas orações a critério do capelão, é permitida a entrada do terno somente pela porta dos fundos. Recebem um café preto, um chimarrão ou um gole de bebida alcoólica. Terminam a visita com o canto: Bendito louvado seja / da puríssima Conceição / da Virgem Maria / Senhora Nossa / Concebida sem pecado original / O grupo vai aumentando com moradores das casas já visitadas que desejam também fazer 'penitência'.²

O canto tradicional da via-sacra é: A morrer crucificado, em latim, Stabat Mater.

Na Sexta-feira Santa, às 4.00hs da manhã em Sabará (MG), reúnem-se os devotos na igreja do Rosário munidos de matracas e muitas velas. Para reviver os passos de Jesus até sua crucificação, fazem uma caminhada penitencial até a capela do Senhor Bom Jesus.

Com a Campanha da Fraternidade, surgiram novas formas da via-sacra que mostram a paixão, morte e ressurreição de Jesus, misturados ao sofrimento povo brasileiro. No dia 26/03/99, 3000 crianças e adolescentes ajudados pela Pastoral do Menor realizaram uma via-sacra nas ruas do centro de São Paulo (SP). Uma criança disse: O desemprego crucificou a mim e a meus pais.

Em 1999, jovens coordenaram a via-sacra em Minas Novas (MG). As preces falavam de uma vida nova para o Vale do Jequitinhonha. O sofrimento estampado no rosto dos atores, já característico do povo do Vale, tornava mais real a encenação da crucifixão. Muitos fiéis choravam emocionados. Em 1995 em Getúlio Vargas (RS), a 18ª Romaria da Terra encenou e rezou uma via-sacra com relatos do sofrimento do povo hoje. (Cf. Rosto do Cristo Sofredor, Puebla.)

Em Ponte dos Carvalhos (PE), em 1968, o padre Geraldo Leite passou a celebrar com o povo uma via sacra em que figuravam o camponês, a viúva, a prostituta e até Martin Luther King.³ Outra via-sacra ao vivo é apresentado em Coronel Pacheco (MG).

Referências:

1 - Peregrinatio ad loca sancta. Viagem da espanhola Aetéria ou Egéria que visitou na na Semana Santa de 393 Jerusalem.
2 - Equipe IGTF. Folk, Festo e Tradições Gaúchas. (Cad.Gaúchos No.8) Porto Alegre, Fund. Inst. Gaúcho de Trad. e Folcl., 1983. pp.58-59.
3 - COUTINHO, Maurício. “Ponte dos Carvalhos tem Via Sacra diferente: camponês, viúva e prostituta, Cristos de Hoje”. In: Diário do Comércio, Recife. 14/04/1968. p.12.




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